sábado, 25 de julho de 2009
Música
Tá aí...um pouco de música selecionada num sábado de frio e muita chuva. São Paulo lavada.Se vc não está com vontade de ler e ficar pensando, está com preguiça de terminar o seu trabalho e por isso está vagueando pelos blogs...fique apenas com a música. Fique um pouco quieto. Acompanhe não dirija. Descanse alguns minutos. O mundo não vai acabar e todos os problemas estarão no mesmo lugar, esperando por você. Nada mágico ou metafísico vai acontecer. Mas por alguns minutos você terá dançado conforme a música. Com sorte, vai descobrir que pode até ser divetido.
sábado, 11 de julho de 2009
Carroça Iluminada
A tarde não tinha a beleza da foto de Omar Junior. Chovia, e no cruzamento entre a Helio Pelegrino e Diogo Jácome, os carros inquietos procuravam brechas para cruzar o sinal quebrado. Não havia um burro ou cavalo para puxar a carroça, apenas uma mulher magra de pele seca e dentes maltratados lutava para atravessar a avenida congestionada. Pela mão uma criança mais magra ainda e na traseira um homem comandando a travessia.Em alto e bom som, para ultrapassar o barulho das buzinas, ele berrava:
- Puxa mais, vira, agora mais pra direita, depressa. Em alto e bom som, para ultrapassar o barulho das buzinas.
Os papeis encharcados pesavam 3 vezes mais. O peso dos catados renderia 3 vezes menos na cooperativa de reciclados. A cena do puxa e empurra vista através da janela do taxi-como-sempre-mais-que-atrasado me fez lembrar o burro, o menino e o velho. Como as pessoas da velha fábula, comecei a imaginar um arranjo melhor para a mulher, o homem, a menina e a carroça. Que tipo de marido deixa que a mulher faça todo o esforço e ainda cuide da criança? E pior, fica lá na traseira só berrando ordens. Que absurdo! Mundo idiota, onde já se viu uma coisa destas, e por aí afora fiquei resmungando.
O sinal abre e a mulher finalmente consegue atravessar. Olha para trás. Com um sorriso iluminado da maior gratidão despede-se do homem que volta para o seu trabalho de vigia na loja do outro lado da avenida. Ela, por alguns segundos, acreditou que não estava só. Ele, já havia feito a boa ação do dia. Ajudou uma mulher desconhecida, maltrapilha a carregar sua carga. Existe gente boa no mundo.Anjos. A gente é que as vezes não percebe e imagina tudo errado.
- Puxa mais, vira, agora mais pra direita, depressa. Em alto e bom som, para ultrapassar o barulho das buzinas.
Os papeis encharcados pesavam 3 vezes mais. O peso dos catados renderia 3 vezes menos na cooperativa de reciclados. A cena do puxa e empurra vista através da janela do taxi-como-sempre-mais-que-atrasado me fez lembrar o burro, o menino e o velho. Como as pessoas da velha fábula, comecei a imaginar um arranjo melhor para a mulher, o homem, a menina e a carroça. Que tipo de marido deixa que a mulher faça todo o esforço e ainda cuide da criança? E pior, fica lá na traseira só berrando ordens. Que absurdo! Mundo idiota, onde já se viu uma coisa destas, e por aí afora fiquei resmungando.
O sinal abre e a mulher finalmente consegue atravessar. Olha para trás. Com um sorriso iluminado da maior gratidão despede-se do homem que volta para o seu trabalho de vigia na loja do outro lado da avenida. Ela, por alguns segundos, acreditou que não estava só. Ele, já havia feito a boa ação do dia. Ajudou uma mulher desconhecida, maltrapilha a carregar sua carga. Existe gente boa no mundo.Anjos. A gente é que as vezes não percebe e imagina tudo errado.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
Non Ducor Duco
NON DUCOR DUCO
Na manhã de 10 de julho, a cidade heroica de São Paulo era um único cérebro e uma única alma.
(Menotti del Picchia)
Fatos recentes me fizeram perceber que somos frágeis quando pensamos ser fortes.
(Mario Covas -11/06/1999)
Paulistas são orgulhosos de sua Revolução. Traídos. Derrotados mas, ainda assim vitoriosos. No dia 2 de outubro, em Cruzeiro, sem armas, sem munição e sem o apoio de outros Estados, São Paulo foi obrigado a render-se às forças de Vargas. A outra "revolução", a de 1964 aboliu o feriado, como se assim fosse possível apagar da memória o seu significado. Mario Covas-Governador, em 1995 , reinstalou a comemoração do 9 de julho como data magna para o Estado de São Paulo.
As características sui generis deste episódio não param por aí. Ao que parece, não existem registros em nossa história de algum outro movimento revolucionário em que a preservação da memória, a comemoração do evento e o culto aos heróis sejam tradiconalmente realizados pelos vencidos e não pelos vencedores; outros aspectos importantes referem-se aos seus dois superlativos: a revolução de 32 é vista por muitos como o maior movimento armado que já se registrou em território brasileiro, bem como possivelmente a maior mobilização popular já ocorrida na história do País.
A Escola Paulista de Medicina, nasce em 1933, neste cenário, como resposta da elite paulistana, para que seus jovens não tenham mais que ir a outros estados para estudar.
Qual era pois, a causa de toda essa turbulência e a matriz dessa inquietação?
Nas palavras de Menotti del Picchia secretário de estado naquela época - São Paulo não pedia à federação um bem que de direito lhe pertencia. Tomava com suas próprias mãos o que era seu. Para ele, tratava-se de um ciclo social determinado pelas transformações radicais que a sociedade industrial nascente trazia. Era a ruptura indispensável para a instalação de uma nova ordem. Ciclos da evolução social, formados por ordem, anarquia e costume, cultura, caos e civilização, senhores, revolucionários e herdeiros. Ordem enquanto iniciação e fixação de um ciclo economico e social adaptado às condições de vida do agregado. Anarquia – ruptura da ordem anterior pela ausência de um reajustamento entre os novos processos de coexistência determinados por inéditos fatores economicos e noas descobertas da técnica. Costume – pacificação da sociedade dentro da utilização dos novos processos.
Por que numa manhã ensolarada de 9 de julho de 2009 estou aqui entre o teclado e livros empoeirados que se desfazem ao menor movimento impensado?
Ficar velho deve ser isto, fazer café e ser invadida por uma multidão que sem pedir licença vai entrando com suas lembranças, cheiros, histórias, sensações, frases inteiras e aos pedaços. Café Lourenço – torrado e moído na hora. Orgulho industrial estampado em pacotes de café, modernizando os hábitos domésticos... E terror para as lavadeiras de todas as origens que ao menor perfume da coffea arábica, corriam como baratas tontas, tirando do varal a roupa quarada, ameaçada pela fuligem das novíssimas chaminés. E muitos outros "E's" emendando um caso no outro e a gente... e, de novo o e...essa vontade de registrar histórias e impedir que elas se apaguem, contar como as coisas foram de verdade, na sua verdade. Perde-se o fio, esquece, retoma. Quando não lembra mais, inventa um jeito de manter vivo aquilo que foi.
O Sol está lindo lá fora e eu vou passear! Há muita história nova para viver! Depois, um dia quando eu ficar bem velhinha, eu conto.
Na manhã de 10 de julho, a cidade heroica de São Paulo era um único cérebro e uma única alma.
(Menotti del Picchia)
Fatos recentes me fizeram perceber que somos frágeis quando pensamos ser fortes.
(Mario Covas -11/06/1999)
Paulistas são orgulhosos de sua Revolução. Traídos. Derrotados mas, ainda assim vitoriosos. No dia 2 de outubro, em Cruzeiro, sem armas, sem munição e sem o apoio de outros Estados, São Paulo foi obrigado a render-se às forças de Vargas. A outra "revolução", a de 1964 aboliu o feriado, como se assim fosse possível apagar da memória o seu significado. Mario Covas-Governador, em 1995 , reinstalou a comemoração do 9 de julho como data magna para o Estado de São Paulo.
As características sui generis deste episódio não param por aí. Ao que parece, não existem registros em nossa história de algum outro movimento revolucionário em que a preservação da memória, a comemoração do evento e o culto aos heróis sejam tradiconalmente realizados pelos vencidos e não pelos vencedores; outros aspectos importantes referem-se aos seus dois superlativos: a revolução de 32 é vista por muitos como o maior movimento armado que já se registrou em território brasileiro, bem como possivelmente a maior mobilização popular já ocorrida na história do País.
A Escola Paulista de Medicina, nasce em 1933, neste cenário, como resposta da elite paulistana, para que seus jovens não tenham mais que ir a outros estados para estudar.
Qual era pois, a causa de toda essa turbulência e a matriz dessa inquietação?
Nas palavras de Menotti del Picchia secretário de estado naquela época - São Paulo não pedia à federação um bem que de direito lhe pertencia. Tomava com suas próprias mãos o que era seu. Para ele, tratava-se de um ciclo social determinado pelas transformações radicais que a sociedade industrial nascente trazia. Era a ruptura indispensável para a instalação de uma nova ordem. Ciclos da evolução social, formados por ordem, anarquia e costume, cultura, caos e civilização, senhores, revolucionários e herdeiros. Ordem enquanto iniciação e fixação de um ciclo economico e social adaptado às condições de vida do agregado. Anarquia – ruptura da ordem anterior pela ausência de um reajustamento entre os novos processos de coexistência determinados por inéditos fatores economicos e noas descobertas da técnica. Costume – pacificação da sociedade dentro da utilização dos novos processos.
Por que numa manhã ensolarada de 9 de julho de 2009 estou aqui entre o teclado e livros empoeirados que se desfazem ao menor movimento impensado?
Ficar velho deve ser isto, fazer café e ser invadida por uma multidão que sem pedir licença vai entrando com suas lembranças, cheiros, histórias, sensações, frases inteiras e aos pedaços. Café Lourenço – torrado e moído na hora. Orgulho industrial estampado em pacotes de café, modernizando os hábitos domésticos... E terror para as lavadeiras de todas as origens que ao menor perfume da coffea arábica, corriam como baratas tontas, tirando do varal a roupa quarada, ameaçada pela fuligem das novíssimas chaminés. E muitos outros "E's" emendando um caso no outro e a gente... e, de novo o e...essa vontade de registrar histórias e impedir que elas se apaguem, contar como as coisas foram de verdade, na sua verdade. Perde-se o fio, esquece, retoma. Quando não lembra mais, inventa um jeito de manter vivo aquilo que foi.
O Sol está lindo lá fora e eu vou passear! Há muita história nova para viver! Depois, um dia quando eu ficar bem velhinha, eu conto.
sábado, 4 de julho de 2009
Panela no fogo
Baixou um santo por aqui. Uma certa cozinheira, meio caipira, meio mineira(não sei bem ainda). De fazenda, daquelas da panela de ferro preta, "fugão" a lenha e louça ariada. A distinta não me deixou em paz enquanto não levantei e fui atender suas ordens.
Linguicinha torrada, alho e cebola refogada, salsinha picada, sal(a gosto) arroz e água. Tudo em fogo baixo e sem pressa. Carne assada com batatas.Temperadas na mesma tigela, pelos menos 3 horas antes do ir pro forno. "Que é pra dar gosto minha filha, que é pra dar gosto" - repetia ela na minha orelha. "E faz aí mais uma couve refogada, mas tem que picar bem fininha, não serve aquela de feira que vá vem cortada e toda seca." Obedeço resmungando - como é exigente essa dona!
As bananas estão descascadas e cobertas com açúcar e canela. Vão pro forno também.Pensei em comprar um sorvete e flambar e ela já saiu berrando de novo -"Não me venha com estrangeirices na minha cozinha" No máximo um creme de ovos. com claras batidas em neve, açúcar, manteiga, farinha e fermento, misturados com cuidado pra não desandar. E não é que ficou bom...o danado do creme era de lamber a tigela Você se lembra do tempo em que criança ficava esperando para lamber a tigela do bolo que viria? Pois é, era eu de novo, namorando o forno, brincando de pega, dando risada sem motivo...tão simples.
Quando ficar tudo pronto, mando as fotos que fui tirando, isto é, se der tempo. Os meninos chegaram da academia e menino depois de academia vem com fome de Leão! Será que eles vão preferir um Mac Donalds?
Linguicinha torrada, alho e cebola refogada, salsinha picada, sal(a gosto) arroz e água. Tudo em fogo baixo e sem pressa. Carne assada com batatas.Temperadas na mesma tigela, pelos menos 3 horas antes do ir pro forno. "Que é pra dar gosto minha filha, que é pra dar gosto" - repetia ela na minha orelha. "E faz aí mais uma couve refogada, mas tem que picar bem fininha, não serve aquela de feira que vá vem cortada e toda seca." Obedeço resmungando - como é exigente essa dona!
As bananas estão descascadas e cobertas com açúcar e canela. Vão pro forno também.Pensei em comprar um sorvete e flambar e ela já saiu berrando de novo -"Não me venha com estrangeirices na minha cozinha" No máximo um creme de ovos. com claras batidas em neve, açúcar, manteiga, farinha e fermento, misturados com cuidado pra não desandar. E não é que ficou bom...o danado do creme era de lamber a tigela Você se lembra do tempo em que criança ficava esperando para lamber a tigela do bolo que viria? Pois é, era eu de novo, namorando o forno, brincando de pega, dando risada sem motivo...tão simples.
Quando ficar tudo pronto, mando as fotos que fui tirando, isto é, se der tempo. Os meninos chegaram da academia e menino depois de academia vem com fome de Leão! Será que eles vão preferir um Mac Donalds?
quinta-feira, 2 de julho de 2009
No andar de baixo
Estavamos eu e um amigo, juntos, a procura de um departamento para entregar importante documento. Entramos no saguão de paredes imensas, passamos pela primeira portaria, o primeiro balcão, documentos,fotografia,fila e identificação. Catraca, segurança, corredor, garagem, novo portão.Crachá, elevador, mais um corredor, agora de piso estranhamente macio.O teto muito mais alto e nas paredes estantes de vidro blindado. Guardados potes e vasos de cerãmica maia, inca e asteca, facas sacrificiais, cabeças de pedras preciosas incrustradas, baixelas de porcelana de sevres, limoges, joias de ouro maciço, quadros,móveis e brecherets. Aqui e ali um segurança atento observa nossa movimentação. Gentilmente nos encaminha para o andar de baixo. Mesas apertadas, papeis, cadeiras, livros, computadores, telefones, celulares, olhares concentrados,tarefas pressa e agitação. Muitas pessoas ocupadas, as pessoas do andar de cima não sabem o que fazem as do andar de baixo, mas decidem o que é melhor para elas.
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