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quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Asterix - e a casa de fazer doidos



Os doze trabalhos de Asterix é um dos melhores filmes do fantástico gaules. Após mais uma tentativa frustrada de conquistar a aldeia gaulesa, os senadores romanos começam a desconfiar que os habitantes locais são verdadeiros deuses. Júlio César (Jean Martinelli) decide então fazer uma proposta: enviar à vila uma relação de 12 tarefas que apenas podem ser cumpridas por seres superiores. Caso as tarefas sejam cumpridas ele admitirá sua derrota, mas caso ao menos uma delas não seja realizada os habitantes da aldeia se tornarão seus escravos. O desafio é aceito pelos gauleses, que elegem Asterix (Roger Carel) e Obelix (Pierre Tornade) para cumpri-los. Em um dos trabalhos mais difíceis, Asterix e seu inseparável parceiro Obelix entram numa repartição pública (conhecida como a casa de fazer doidos) em busca do salvo conduto A38. Depois de subir e descer,passando por dezenas de guichês, perguntando e recebendo as instruções mais desencontradas possíveis (como costuma acontecer ainda na maioria dos serviços públicos)estes meus heróis tem uma idéia genial: passam a circular pelos guichês reclamando o salvo conduto A38, modificado pela nova circular B65, papelada que só existe na sua imaginação. Em pouco tempo o prédio inteiro está enlouquecido atrás do formulário que não existe. No meio do tumulto Asterix solicita o salvo conduto A38 e o prefeito atordoado e enlouquecido com a bagunça finalmente entrega o documento desejado.

Comprei a revista no aeroporto de Congonhas na última segunda feira. As filas e a desinformação total estão voltando rapidamente. Não é um problema específico de Congonhas. A mesma coisa está acontecendo no Santos Dumont, Galeão e aeroporto de Brasília...passei por todos eles nesta última semana, em diferente horários, por diferentes companhias aéreas e a bagunça é a mesma. Atrasos e filas administradas no berro. É isso mesmo:colocam você numa fila interminável, uma funcionária BERRA de tempos em tempos qual o vôo que está para ser encerrado retirando da fila os desesperados e colocando-os a seguir em outras filas. Quando você finalmente consegue embarcar, isso depois de trocar de terminal pelo menos umas duas vezes, começa a melhor parte: a arte de empacotar pessoas em espaços diminutos.

Tempos atrás, no museu do Farol da Barra, encontrei alguns diagramas mostrando como os escravos eram empacotados em um navio negreiro. As companhias de aviação evoluíram muito na arte espremer gente. Deve ser pela falta de espaço que os lanchinhos viraram coisas medíocres e insuportáveis - você não aguenta comer, e assim ocupa menos espaço. Chegando ao seu destino e recuperando-se das caimbras decorrentes da imobilidade imposta, ainda há a epopéia das malas. Com um pouco de sorte elas não terão sido perdidas. Com menos sorte...bem, aí nem Asterix será capaz de salvá-l@!