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quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Pandora ou Pasárgada? Tanto faz, vou me embora!



Ilhas flutuantes como as do surrealista Magritte. Conexões orgânicas, espirituais. Blues,filtros azuis são usados o tempo todo em Pandora, contra o caqui-exército.Máquinas opressoras versus natureza idílica. O Vaticano se manifesta: Pandora é uma ameaça à representação do Deus hegemônico.Psicólogos, sociólogos, antropólogos de plantão constroem teses. Bem é mal e mal é bem, no mundo de forças antagônicas, que a cada dia sabe menos onde suas fronteiras estão. Avatar deprime seus fãs, atordoados na ambiguidade do mundo virtureal.

Vou me embora pra Pandora! Pasárgada talvez fique mais perto. Tanto faz, vou me embora pra qualquer lugar em que o rei seja outro. Que seja meu amigo e amigo de todos que por lá encontrarei.

Vou-me embora pra Pasárgada

Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei

Vou-me embora pra Pasárgada.

Texto extraído do livro "Bandeira a Vida Inteira", Editora Alumbramento – Rio de Janeiro, 1986, pág. 90

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