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quinta-feira, 9 de julho de 2009

Non Ducor Duco


Non Ducor Duco
Upload feito originalmente por daisy.grisolia
NON DUCOR DUCO

Na manhã de 10 de julho, a cidade heroica de São Paulo era um único cérebro e uma única alma.
(Menotti del Picchia)

Fatos recentes me fizeram perceber que somos frágeis quando pensamos ser fortes.
(Mario Covas -11/06/1999)

Paulistas são orgulhosos de sua Revolução. Traídos. Derrotados mas, ainda assim vitoriosos. No dia 2 de outubro, em Cruzeiro, sem armas, sem munição e sem o apoio de outros Estados, São Paulo foi obrigado a render-se às forças de Vargas. A outra "revolução", a de 1964 aboliu o feriado, como se assim fosse possível apagar da memória o seu significado. Mario Covas-Governador, em 1995 , reinstalou a comemoração do 9 de julho como data magna para o Estado de São Paulo.
As características sui generis deste episódio não param por aí. Ao que parece, não existem registros em nossa história de algum outro movimento revolucionário em que a preservação da memória, a comemoração do evento e o culto aos heróis sejam tradiconalmente realizados pelos vencidos e não pelos vencedores; outros aspectos importantes referem-se aos seus dois superlativos: a revolução de 32 é vista por muitos como o maior movimento armado que já se registrou em território brasileiro, bem como possivelmente a maior mobilização popular já ocorrida na história do País.
A Escola Paulista de Medicina, nasce em 1933, neste cenário, como resposta da elite paulistana, para que seus jovens não tenham mais que ir a outros estados para estudar.

Qual era pois, a causa de toda essa turbulência e a matriz dessa inquietação?

Nas palavras de Menotti del Picchia secretário de estado naquela época - São Paulo não pedia à federação um bem que de direito lhe pertencia. Tomava com suas próprias mãos o que era seu. Para ele, tratava-se de um ciclo social determinado pelas transformações radicais que a sociedade industrial nascente trazia. Era a ruptura indispensável para a instalação de uma nova ordem. Ciclos da evolução social, formados por ordem, anarquia e costume, cultura, caos e civilização, senhores, revolucionários e herdeiros. Ordem enquanto iniciação e fixação de um ciclo economico e social adaptado às condições de vida do agregado. Anarquia – ruptura da ordem anterior pela ausência de um reajustamento entre os novos processos de coexistência determinados por inéditos fatores economicos e noas descobertas da técnica. Costume – pacificação da sociedade dentro da utilização dos novos processos.

Por que numa manhã ensolarada de 9 de julho de 2009 estou aqui entre o teclado e livros empoeirados que se desfazem ao menor movimento impensado?

Ficar velho deve ser isto, fazer café e ser invadida por uma multidão que sem pedir licença vai entrando com suas lembranças, cheiros, histórias, sensações, frases inteiras e aos pedaços. Café Lourenço – torrado e moído na hora. Orgulho industrial estampado em pacotes de café, modernizando os hábitos domésticos... E terror para as lavadeiras de todas as origens que ao menor perfume da coffea arábica, corriam como baratas tontas, tirando do varal a roupa quarada, ameaçada pela fuligem das novíssimas chaminés. E muitos outros "E's" emendando um caso no outro e a gente... e, de novo o e...essa vontade de registrar histórias e impedir que elas se apaguem, contar como as coisas foram de verdade, na sua verdade. Perde-se o fio, esquece, retoma. Quando não lembra mais, inventa um jeito de manter vivo aquilo que foi.

O Sol está lindo lá fora e eu vou passear! Há muita história nova para viver! Depois, um dia quando eu ficar bem velhinha, eu conto.

3 comentários:

  1. Daisy

    Texto e blog maravilhosos!

    Botei nos meus favoritos

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  2. Bom te ver por aqui! Apareça sempre!
    abs
    Daisy

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  3. Você sugeriu a leitura no 9 de julho se eu estivesse por aqui. Não estava, mas o texto está muito bom para o 9 de julho e para os outros dias também. Dulcy

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